São Tomé
Histórico
São Tomé de Paripe, considerado um povoado de administração independente no século XVIII, já existia antes da fundação de Salvador, sendo anexado judicialmente após este evento. O bairro era um popular local de veraneio para muitas famílias soteropolitanas, que construíram diversas chácaras, algumas das quais ainda permanecem até hoje (HISTÓRIA DE SALVADOR, 2000). Situado na área do Subúrbio Ferroviário, São Tomé de Paripe testemunhou um rápido processo de adensamento populacional nas décadas de 1960 e 1970, conforme analisado por Soares (2006). Esse crescimento foi impulsionado por atividades da Petrobras na década de 1950, bem como pela instalação da Companhia de Cimento Salvador (COCISA) em Paripe e o desenvolvimento do Centro Industrial de Aratu e do Polo Petroquímico em Camaçari, que atraíram migrantes do interior em busca de oportunidades de trabalho.
O nome "Paripe" tem origem tupi, significando "cercado de peixe", referindo-se a um aparelho feito de varas pelos indígenas. Assim como o nome do bairro, outros pontos, como a Praia de Tubarão e a Baía de Aratu, também refletem a relação dos indígenas com a natureza local. Os primeiros exploradores da região foram os índios, avistados durante os governos de Tomé de Souza e Duarte Costa (PARIPE SALVADOR, 2014). Dessa forma, São Tomé de Paripe não apenas remete a uma rica história de colonização e desenvolvimento, mas também destaca a influência indígena e o legado cultural que perdura até os dias atuais.
Aspectos Ambientais
O bairro de São Tomé de Paripe, localizado em Salvador, apresenta uma configuração urbana e ambiental marcada por diversas zonas de uso e características geográficas que influenciam diretamente os processos ecológicos e de ocupação do solo. A área é composta por zonas com diferentes graus de suscetibilidade à erosão, como a Zona Predominantemente Residencial 1 (ZPR 1), que tem baixa densidade construtiva e maior área de média suscetibilidade. A região também abriga a Área de Proteção de Recursos Naturais (APRN) de Aratu, que inclui zonas de conservação, manguezais e floresta de Mata Atlântica. Essas áreas possuem relevância ecológica e exigem um manejo adequado para preservar o equilíbrio ambiental. A bacia hidrográfica local, que engloba São Tomé de Paripe e bairros vizinhos, apresenta um escoamento hidrológico que varia de acordo com o tipo de ocupação do solo, com áreas mais densamente construídas necessitando de maior infraestrutura para o controle das águas pluviais.
Além dos desafios ambientais, o bairro enfrenta questões relacionadas à poluição atmosférica e ao impacto das atividades industriais, como o Porto de Aratu, o Centro Industrial de Aratu e o Polo Petroquímico de Camaçari. Esses empreendimentos contribuem para a emissão de substâncias químicas poluentes, como Ferro, Cobre e Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), afetando a qualidade do ar e, consequentemente, a saúde dos moradores. A região, que tem uma densidade populacional de 5,12 hab./km², ainda preserva áreas de vegetação nativa em altitudes superiores a 60 metros, proporcionando um microclima mais ameno. Contudo, a crescente urbanização e as limitações no planejamento urbano exigem medidas urgentes de controle e recuperação ambiental para garantir a qualidade de vida e o equilíbrio ecológico da região.
População
O bairro de São Tomé de Paripe, conforme o Censo 2010, apresentou uma população total de 9.522 habitantes, destacando-se pela presença da comunidade quilombola do Alto do Tororó, que conta com 460 habitantes e é certificada pela Fundação Cultural Palmares desde 2010. A população do bairro é predominantemente parda (61%), seguida por negros (25%), e a distribuição etária revela uma concentração de jovens, com cerca de 70% da população entre 0 e 39 anos. A pirâmide etária indica também um envelhecimento gradual, com 7,8% de idosos (60 anos ou mais). O aumento populacional foi notável nos últimos censos, refletindo uma tendência de urbanização e crescimento na região do subúrbio ferroviário de Salvador.
Em termos educacionais, o bairro apresenta uma situação de relativa desigualdade, com 14% de analfabetismo, e aproximadamente 38% dos responsáveis pelos domicílios possuem entre 4 e 7 anos de escolaridade. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de São Tomé de Paripe segue a tendência de crescimento da classe média na região, um fenômeno também observado em outros bairros periféricos de Salvador, como Fazenda Coutos e Coutos. Esse aumento demográfico e a concentração de jovens indicam um bairro em processo de transformação social e econômica, mas que ainda enfrenta desafios relacionados à educação e ao acesso a recursos, refletindo as características típicas das áreas periféricas de Salvador.
Economia
O perfil econômico de São Tomé de Paripe é caracterizado pela diversidade de setores, incluindo indústrias, comércio e serviços. O bairro abriga grandes empreendimentos industriais, como Gerdau, MFX Equipamentos, M. Dias Branco e o Porto de Cotegipe, além de pequenos negócios informais, que dominam o comércio local, como mercearias, padarias, e serviços variados. A Base Naval de Aratu, instalada na década de 1970, também exerce influência econômica, gerando empregos no setor de serviços, embora de forma limitada. A industrialização da região foi impulsionada pelo Centro Industrial de Aratu (CIA), que, desde a década de 1960, tem favorecido a instalação de empresas nas proximidades, contribuindo para a dinâmica econômica local e regional.
Em termos de comércio, o bairro é pequeno e centralizado, com os principais pontos comerciais localizados nas ruas Santa Filomena e Benjamin de Souza. A informalidade predomina, com microempresas e vendedores ambulantes oferecendo produtos e serviços diversos, como alimentos, transporte por moto-táxi e manutenção de equipamentos. A infraestrutura bancária no bairro é limitada, com apenas dois caixas eletrônicos disponíveis, o que reflete a baixa densidade populacional e a falta de interesse das instituições financeiras. A pesquisa amostral revelou que a maioria dos moradores (94,51%) recorre a serviços bancários em outras áreas, evidenciando a falta de acessibilidade e a informalidade no sistema financeiro local.