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Coutos

Histórico

O bairro de Coutos, localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, apresenta um significado histórico apropriado, já que seu nome deriva do plural de "couto", que remete a asilos ou refúgios, segundo Aurélio (2004). O processo de ocupação do bairro intensificou-se na década de 1980, embora sua história remonte ao século XVIII, quando era um engenho de cana-de-açúcar pertencente a Manoel Argolo de Meneses. Até meados do século XX, Coutos era uma área pouco habitada e rodeada por uma natureza abundante. A instalação da estação de trem em 1942 e a presença da Base Naval da Marinha do Brasil na década de 1970 aumentaram a movimentação na região, que antes se limitava ao fluxo de veranistas atraídos pela bela paisagem local. 

Atualmente, Coutos está situado a aproximadamente 23,9 km do centro antigo de Salvador (Comércio) e a 22,4 km do Shopping da Bahia. O bairro faz parte da Macrounidade 03 (Subúrbio), que resulta da ocupação, tanto regular quanto irregular, de lotes em parcelamentos populares implantados nas décadas de 1960 e 1970, além de parcelamentos clandestinos. Essa dinâmica de ocupação reflete as transformações sociais e econômicas da região, moldando Coutos como um espaço que combina história, natureza e uma crescente urbanização ao longo dos anos. 

Aspectos Ambientais

O bairro de Coutos, originalmente um engenho de cana-de-açúcar no século XVIII, experimentou um crescimento urbano desordenado a partir do século XX, com a migração de moradores de outras áreas de Salvador. Esse processo de urbanização resultou em degradação ambiental, refletida pela falta de infraestrutura básica, como esgoto e saneamento adequados. O bairro ainda é abastecido por fontes naturais de água, como a Fonte de Vista Alegre de Baixo, embora estudos indiquem que a maior parte da água proveniente dessas fontes seja imprópria para consumo humano, representando um risco à saúde da população local. 

Apesar das dificuldades estruturais, Coutos se destaca pela preservação de áreas verdes, sendo um dos bairros mais arborizados do subúrbio de Salvador, com muitas casas possuindo quintais repletos de árvores. No entanto, a presença de esgoto a céu aberto e a infestação de mosquitos indicam problemas graves relacionados ao saneamento, impactando diretamente a qualidade de vida dos moradores. A falta de sinalização e orientação sobre o uso da água das fontes, aliada aos problemas ambientais, evidencia a necessidade de intervenções urgentes para promover melhorias na infraestrutura e saúde pública da região. 

População

Em 2010, o bairro de Coutos, com uma população de 26.005 habitantes, apresentava uma alta densidade populacional de 145,65 habitantes por hectare, significativamente superior à média de Salvador (88,14 hab/ha) e da Prefeitura do Subúrbio (102,06 hab/ha). Esse elevado índice de ocupação territorial indica uma saturação dos limites do bairro, refletindo a alta densidade da área construída. Embora tenha uma população semelhante a de cidades de médio porte na Bahia, Coutos carece da autonomia e dinamismo necessários para atender às demandas de sua população, o que compromete o desenvolvimento local. Além disso, os resultados indicaram uma distribuição populacional com 53,5% de homens e 46,5% de mulheres, evidenciando um equilíbrio demográfico. Cerca de 65% da população possui filhos, um dado que reflete características típicas de bairros periféricos e de baixo poder aquisitivo, onde a população jovem, especialmente na faixa etária de 30 a 39 anos, é predominante.  

A maior parte da renda dos moradores é proveniente de atividades informais, com destaque para os autônomos, que representam 41,1% da população. A renda predominante é de até um salário mínimo, o que reforça a condição socioeconômica da região, caracterizada por um mercado de trabalho informal e com poucas oportunidades de emprego formal. Em relação à escolaridade, os moradores de Coutos apresentam um nível educacional relativamente acima da média de bairros periféricos, com 38,65% dos entrevistados tendo completado o ensino médio e 4,59% o ensino superior. Apenas 4,32% não frequentaram a escola. Apesar das dificuldades enfrentadas, como a carência de infraestrutura e a presença de demandas sociais, a maioria dos moradores (89,2%) demonstrou satisfação com o local onde vivem e não tem intenção de se mudar, o que aponta para um vínculo afetivo com o bairro. 

Economia

A economia do bairro de Coutos está diretamente vinculada à sua formação histórica e social, marcada por loteamentos populares, ocupações informais e a migração de indivíduos provenientes de outras regiões do estado em busca de melhores condições de vida e trabalho. Durante a década de 1980, muitos desses moradores, com baixa escolaridade e sem acesso ao sistema formal de habitação, procuraram na capital oportunidades que não encontraram em seus municípios de origem. Contudo, o bairro, historicamente, serviu mais como um local de residência temporária, enquanto os moradores buscavam empregos formais ou informais em outros bairros, devido à dificuldade crônica de inserção no mercado de trabalho formal em Salvador. 

A economia de Coutos é predominantemente informal, com uma grande parte da população envolvida em atividades econômicas de baixa rentabilidade, como pequenos mercados e açougues. A renda é instável e proveniente de setores periféricos, e a falta de infraestrutura e a proximidade com bairros mais consolidados, como Paripe, limitam as oportunidades econômicas locais. A pesquisa de campo revelou que 24,70% das famílias têm uma renda de até dois salários mínimos e que a maioria dos chefes de família possui baixo nível de escolaridade (33,40% têm de 4 a 7 anos de estudo). Essas características revelam uma economia local fragilizada, dependente de dinâmicas externas para suprir as necessidades mais básicas da população. 

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