Plataforma
Histórico
O bairro de Plataforma é reconhecido como o primeiro do Subúrbio Ferroviário de Salvador, situado à margem da Avenida Afrânio Peixoto, a apenas 12 quilômetros do centro da cidade. Originalmente, a área era habitada por índios Tupinambás, que organizavam suas aldeias nas clareiras da Mata Atlântica, próximas ao mar e a fontes de água. Com a chegada dos jesuítas em 1549, junto ao Governador Tomé de Souza, a região começou a ser evangelizada. O território de Plataforma foi do capitão-mor da marinha, Antônio de Oliveira Carvalhal, que, enviado ao Brasil em 1551, construiu a igreja de São Braz, essencial para o povoamento das freguesias rurais no início do século XVII. Em 1558, Plataforma era uma aldeia jesuítica populosa, com cerca de 4.000 índios Tupi, atraídos pela proximidade do mar e a riqueza natural da região, que oferecia abundância de recursos para pesca e cultivo. A origem do nome "Plataforma" é controversa; algumas teorias sugerem que remete a uma fortificação do século XVI ou a uma balsa em formato de plataforma que fazia a travessia marítima entre Plataforma e a Ribeira, em tempos de transporte precário.
A ocupação do bairro foi inicialmente impulsionada pela instalação de engenhos de cana-de-açúcar e, posteriormente, pela construção de estações ferroviárias que conectavam o recôncavo à cidade. Em 1844, surgiram os primeiros núcleos de indústria têxtil na Bahia, e em 1866, João Almeida Brandão instalou a Fábrica São Braz (Fatbraz) em Plataforma, promovendo o desenvolvimento econômico e social do bairro. Na década de 1930, a fábrica passou a ser administrada pela família Martins Catharino, que explorou a mão-de-obra local. Outra importante fábrica, a União Fabril dos Fiais, também contribuiu para o povoamento do bairro até o século XX (CASTORE, 2013; MOURA, 2001).
Aspectos Ambientais
O bairro de Plataforma, localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, apresenta um território acidentado, com estabilidade na área verde entre 2001 e 2009, registrando um índice de cobertura de 11,27 m² por habitante. A Bacia do Rio do Cobre, que abrange uma área de 20,65 km², representa 6,69% da cidade e é uma das maiores bacias de Salvador, limitando-se com outras bacias importantes, como a do Ipitanga e do Jaguaribe. Esta bacia desempenha um papel crucial na drenagem das águas pluviais da região e na definição do espaço ecológico e urbano no Subúrbio Ferroviário.
Dentro dessa área, está localizada a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Cobre/São Bartolomeu, criada pelo Decreto n. 7.970/2001, com uma área de 1.134 hectares e grande relevância histórica e cultural. A APA abriga o Parque São Bartolomeu, que possui 75 hectares e uma rica diversidade de ambientes naturais. A preservação dessa área é fundamental para o equilíbrio ecológico e o desenvolvimento sustentável da região, que enfrenta desafios decorrentes da urbanização crescente e da necessidade de ampliação das áreas verdes e de preservação ambiental.
População
Em Plataforma, a concentração populacional apresentou uma leve redução entre os Censos de 1991, 2000 e 2010. A densidade demográfica passou de 238,59 habitantes por hectare em 1991 para 211,78 habitantes por hectare em 2010. Em 2000, o bairro possuía 30.882 habitantes, sendo 51,97% mulheres, e em 2010, a população aumentou para 33.073, com 57,66% de mulheres. A pirâmide etária revela que a base é composta por crianças de 0 a 14 anos, enquanto o topo abrange a população idosa, com um número de mulheres idosas superior ao de homens. Aproximadamente 29% da população é inativa, e 70% da população está na faixa etária de 15 a 64 anos, considerada potencialmente ativa. A faixa etária de 20 a 24 anos tem o maior contingente populacional, com destaque para o aumento da população feminina entre 25 e 39 anos e o maior número de mulheres idosas a partir dos 70 anos.
Quanto à distribuição de renda, o Censo de 2010 apontou que 2,77% da população de Plataforma ganhava entre 5 a 10 salários mínimos, enquanto 22% recebiam entre 0,5 a 1 salário mínimo, e 14% tinham uma renda entre 1 a 2 salários mínimos. A população do bairro apresenta uma significativa diversidade de rendimentos, com grande parte da população situando-se nas faixas de menor rendimento, o que reflete um cenário socioeconômico caracterizado por desigualdade.
Economia
Atualmente, o bairro de Plataforma é predominantemente residencial, com um centro comercial dinâmico localizado ao longo da Avenida Afrânio Peixoto, conhecido como Luso. No entanto, o Luso enfrenta algumas deficiências e não é reconhecido como o centro do bairro por todos os moradores. De acordo com uma pesquisa, 51,25% dos 199 entrevistados consideraram a Praça São Brás como o centro do bairro, possivelmente devido à sua origem na área costeira, enquanto 39,69% apontaram o Luso como o centro.
De acordo com o último Censo de 2010, Plataforma contava com uma população de 34.034 habitantes, sendo o terceiro bairro mais populoso do Subúrbio Ferroviário de Salvador, ficando atrás de Paripe e Periperi. Aproximadamente 77,88% dessa população é economicamente ativa. O bairro possui 10.463 domicílios, com uma renda média dos responsáveis por domicílios permanentes de R$ 1.075,90. Isso reflete a característica residencial e comercial do bairro, que ainda enfrenta desafios de infraestrutura e organização urbana. O comércio local se aglomera em dois pontos, no Largo do Luso que fica nas margens da Avenida Afrânio Peixoto e na Praça São Brás.