top of page

Periperi

Histórico

O bairro de Periperi, cuja origem remonta ao século XVI, tem seu nome associado a um terreno caracterizado por charcos e vegetação aquática, como o junco. Inicialmente uma aldeia indígena habitada pelos tupinambás, sua grafia primitiva — peripery, piripiri ou piri-piri — sugere significados relacionados a capim ou capinzal. Ao longo do tempo, Periperi se desenvolveu a partir de fazendas de engenho de açúcar nos anos 1820, sendo impulsionado pela construção da Estrada de Ferro Bahia ao São Francisco e a instalação da estação de Periperi. A ocupação inicial do bairro foi marcada por oficinas e olarias, onde operários da linha férrea começaram a construir casas linearmente ao redor da estação. 

Na década de 1930 e 1940, Periperi também abrigava colônias de pescadores, além de atrair famílias que vinham passar o verão. Escritores como Jorge Amado retrataram a cultura local em suas obras, destacando a importância do bairro na literatura baiana. Com o passar do tempo, a grande fazenda de Periperi, inicialmente de propriedade do Coronel Frederico Costa, passou a ser ocupada pela família Visco, que construiu casas para aluguel, alterando a dinâmica econômica da região. Embora inicialmente industrial, o bairro hoje é predominantemente residencial, refletindo uma segregação social que acentua as desigualdades entre classes. Apesar de sua urbanização, Periperi ainda enfrenta desafios significativos, como problemas de infraestrutura, saneamento básico e violência. 

Aspectos Ambientais

O bairro de Periperi está estreitamente ligado ao Rio Paraguari, que é o principal curso d'água da bacia homônima, localizada no território de Salvador. A Bacia do Rio Paraguari ocupa uma área de 5,84 km², representando apenas 1,89% do território da cidade, sendo limitada pelas bacias do Cobre, de Drenagem de Plataforma e pela Baía de Todos os Santos. A região de Periperi, ao longo do tempo, foi sujeita a enchentes frequentes devido à ocupação desordenada das margens do rio, especialmente a partir da década de 1970, com a construção de palafitas. Essa ocupação impediu o fluxo natural das águas, resultando em alagamentos durante os períodos chuvosos e maré alta, o que causava grandes transtornos à população local. Na década de 1990, o processo de drenagem do rio e a remoção das casas das margens permitiram que o rio voltasse a fluir normalmente em direção ao mar, promovendo uma melhoria significativa na qualidade de vida da região. 

Apesar da intervenção na drenagem, o Rio Paraguari ainda enfrenta graves problemas ambientais, como o lançamento de dejetos que poluem suas águas, dificultando o uso das praias de Periperi para o banho. A alta densidade populacional da região tem contribuído para a degradação ambiental e a poluição dos corpos d'água, impactando diretamente a qualidade de vida dos moradores. Além disso, os solos da área enfrentam sérios problemas de erosão, especialmente na Bacia Hidrográfica do Rio Paraguari, o que tem afetado o processo de urbanização e causado perdas significativas de solo. A intensificação desses problemas ocorre devido às práticas inadequadas de uso do solo, que agravam a ablação e o transporte de solo, prejudicando ainda mais a morfodinâmica da região. 

População

O bairro de Periperi, segundo o Censo de 2010 do IBGE, é o segundo mais populoso do subúrbio de Salvador, com uma população de 47.886 habitantes. A maior concentração populacional está localizada ao norte do bairro, especialmente nas proximidades da Praça da Revolução, um importante centro de atividade econômica, além da proximidade com a Avenida Afrânio Peixoto (Avenida Suburbana). De 1991 a 2010, o bairro apresentou um aumento populacional de 27,47%, passando de 37.011 para 47.886 habitantes. A população masculina teve uma redução de 1,93%, enquanto a feminina aumentou em 1,78%. Em termos de composição racial, 54,47% da população é parda, 30,96% é preta, 12,44% é branca, 1,89% é amarela e 0,24% é indígena. 

No que se refere à faixa etária, observou-se uma diminuição significativa de 34,25% na população de 0 a 4 anos, enquanto a faixa etária acima de 65 anos aumentou em 65% no mesmo período. Em relação à população em idade ativa, 40,5% dos moradores recebem até 1 salário mínimo, com uma diminuição proporcional conforme aumenta o rendimento. Além disso, 17,9% da população de Periperi não possui rendimento. Essas características demográficas revelam um bairro com uma população em sua maioria de baixa renda, com dificuldades econômicas, refletindo a necessidade de políticas públicas que atendam a esses desafios sociais e econômicos. 

Economia

O bairro de Periperi se caracteriza por uma economia diversificada, com uma oferta considerável de bens e serviços, embora ainda seja considerado periférico em relação ao centro de Salvador, mantendo, no entanto, uma centralidade relativa dentro do Subúrbio Ferroviário. Historicamente, desde a década de 1960, Periperi se destacou por concentrar uma grande quantidade de serviços no setor terciário e por ter um comércio mais diversificado e especializado, características que perduram até os dias atuais. Isso consolidou o bairro como um subcentro econômico dentro da cidade, com uma função importante dentro da região do Subúrbio Ferroviário, influenciado por fatores políticos, econômicos e institucionais ao longo do tempo. 

Além disso, Periperi e outros subcentros de Salvador surgiram em áreas de habitação popular, impulsionadas pelo crescimento populacional e pela expansão urbana. Diferentemente de centros comerciais mais nobres, cujos consumidores são provenientes das áreas mais privilegiadas da cidade, Periperi atende a uma população majoritariamente oriunda de bairros populares, refletindo uma dinâmica econômica voltada para o consumo local. O bairro apresenta uma grande variedade de estabelecimentos comerciais, incluindo lojas de roupas, mercados, farmácias, supermercados, bancos, feiras livres, além de um pequeno shopping, oferecendo aos moradores acesso a diversos serviços sem necessidade de deslocamento para outras áreas de Salvador. 

bottom of page